segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A baronesa descalça - Chiara Ciodarot

Vale do Paraíba, 1872. Saraus, bailes, rapazes, cavalgar e defender a abolição da escravatura, são estes os gostos da bela Amaia. Mas tudo parece perder sentido quando seus pais morrem e deixam nas suas mãos uma fazenda de café e um testamento que a impede de alforriar os escravos. Sem saber como administrar uma fazenda e se afundando em dívidas, ela encontra apenas uma solução: se casar. Todo e qualquer solteiro ou viúvo se torna um pretendente em potencial. Ou quase todo. Eduardo Montenegro não é pretendente para moça de família. Fundador do Clube dos Devassos, o misterioso Montenegro não pretende se casar, mas isso não o impede tentar levar Amaia para cama. Enquanto tenta manter a sua integridade física e emocional, Amaia arruma um pretendente inesperado. Será que ela vai conseguir levar adiante o seu plano de salvar a fazenda e os escravos, ou será que a sua atração por Montenegro será maior? O famoso devasso acabará seduzido pelos encantos da charmosa abolicionista e a pedirá em casamento antes que ela se case com outro? 

A Baronesa Descalça é o primeiro livro da Coleção O Clube dos Devassos.






         Um romance de época nacional, com toque de história, foi algo diferente do que estou acostumada a ler, já que os romances de época sempre são ambientados em Londres ou na Inglaterra. Foi muito bom ler algo do passado do nosso país, pois me fez lembrar que temos que valorizar mais nossos autores e nossa nação.
      Nessa trama vamos ter Amaia, uma mocinha de personalidade forte, teimosa, com ideais abolicionistas, que não eram bem visto naquela época no Brasil em que a escravidão reinava, ou melhor dizendo, os escravocratas reinavam. 
     Amaia é uma mulher que adora instigar os homens, fazer eles se apaixonarem por ela, mas no final das contas ela não  fica com nenhum deles, mas sua fama é bem ruim. 
Quando seus pais morrem em um acidente, sua vida e de sua irmã, com a qual ela não se entende desde pequena, virá do avesso. Ela quer continuar com a fazenda, que faz parte da história de sua família e tem grande peso em sua vida, porém ela está afundada em dívidas, e Amaia vai fazer de tudo para conseguir manter esse bem precioso; ela tenta negociar com homens, o que também não era aceito ou bem visto pela sociedade, e até tenta se casar por interesse para salvar a fazenda e os escravos. 

        Nessa turbulência ela conhece Eduardo Montenegro, membro do Clube dos Devassos, que ainda é um mistério para nos leitores,  que chegou por ali a pouco tempo e ainda é incógnita para ela. Ele tenta seduzi-la apesar de deixar bem claro que não pretende se casar. Um romance bem cão e gato é o que nós encontramos!  
     Amaia, sem a ajuda da irmã, que só quer se livrar da fazenda, vai ter que se virar para salvar a fazenda, os escravos e a ela mesma, já que ninguém parece disposto a ajudá-la, a não ser levando-a para cama. 
     Montenegro se sente dividido: apaixonado por essa mulher que mexeu tanto com ele, forte, decidida, e a decisão que sempre tivera de nunca se casar. Mas a gente vai vendo aos poucos o amor falando mais alto e tomando posição na vida desse casal teimoso! 
"Era o amor a janela para enxergar o mundo de outra maneira, parar querer sair de si e fundir-se no outro. " 
     Gostei muito de ler sobre essa época no Brasil, apesar do livro não ser tão rico historicamente, a narrativa da autora é muito boa. Mas preciso ressaltar alguns pontos: gostei da personagem feminina ser forte e lutar pelo que acredita, porém a forma como foi me deixou um pouco incomodada; mais no final do livro ela joga sujo, seu jeito de querer seduzir a todos a qualquer custo foi com certeza um ponto negativo no livro. Ela vai se redimir depois, mas faz isso praticamente o livro inteiro. 
     Mas também quero dizer que gostei dela lutar pelos escravos acima de tudo, mostrou mais humanidade e que ela não era apenas uma mimada. 
     Indico a leitura apesar dos pontos negativos, pois tiveram muitos pontos positivos; até porque foi um incomodo meu que muitos podem achar até divertido. 


Grande abraço!