quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

A abadia de Northanger - Jane Austen

A Abadia de Northanger conta a história da adorável Catherine Morland, jovem fascinada por romances góticos e possuidora de vívida imaginação. Em meio aos passeios e bailes da sofisticada sociedade de Bath (onde se depara com coqueteria, insinceridade, vaidades e intrigas) e à estada na Abadia de Northanger (onde se depara com os perigos de se deixar arrebatar pela imaginação), esta ingênua e íntegra heroína encontra o amor, bem como passa a conhecer melhor a natureza humana.  


      De todas as obras que li de Jane Austen, essa foi a que li mais rápido, sem sombra de dúvidas; não sei se por já estar habituada (é a sexta obra que leio dela) ou por realmente ser de uma compreensão melhor. Seja como for, A abadia de Northanger me cativou e não conseguia parar de ler.
   Catherine Morland é a mocinha dessa trama, uma jovem de dezessete anos, que é tratada aqui como nossa heroína; não foge muito dos padrões de mocinhas de Jane Austen: com uma família com vários irmãos, de origem humilde mas nem tanto assim, moram em um lugarejo mais distante da cidade... Logo no início da história ela é convidada por seus vizinhos (os Allen) que tem uma condição financeira e social melhor, para ir à Bath, para quem já está habituado aos romances de época sabe que é um local que tem uma vida social mais agitada, não tanto quanto Londres, mas ainda um ponto de encontro e de muitas diversões. Nossa protagonista logo se anima para ir em sua primeira viagem e primeiros eventos sociais.
    Lá ela vai conhecer algumas pessoas, entre elas Isabela Thorpe e seu irmão (um personagem bem intransigente para não dizer pior); Catherine e Isabela logo se afeiçoam e se tornam inseparáveis, até o irmão de Catherine chegar! Pois Isabela e o sr. Morland (no caso irmão mais velho de Catherine), já se conheciam previamente e a partir de então todas as juras de amizade de Isabela parecem fracas e nada confiáveis. Uma personagem que logo vai aguçando nossa raiva assim como seu irmão, há momentos que dá vontade de se intrometer na história (risos).  Há muita inconstância e infidelidade da parte dela, e ao longo da trama podemos ver com mais clareza, apesar de Catherine demorar para notar, mas irá chegar o momento em que será quase impossível não ver tais defeitos.
   Porém nossa heroína também conhece Henry Tilney, nosso mocinho... podem suspirar (risos). Ele não é o maior galã mas é doce e se mostra com opiniões muito sinceras em vários momentos, falando tudo o que tínhamos vontade de falar! E ele tem uma irmã também muito doce e sincera, que Catherine logo tenta se aproximar. 
Nossa mocinha é então convidada pelos amigos a acompanhá-los por um período na abadia de Northanger; ela fica mais que feliz, fica radiante pelo convite, e por vários motivos: as companhias: tão queridas e desejadas, o local que aguça a curiosidade dela pelas leituras que tem feito de romances góticos, que por sinal tem grande repercussão nesse livro, trazendo críticas de várias formas. 
    Assim eles vão para a abadia onde a mente de Catherine em muitos momentos cria ilusões e suposições estapafúrdias. Apesar disso vai passar muitos momentos agradáveis na companhia desses irmãos. 
Edição da Editora Martin Claret com três obras da autora 


   A obra traz muitas críticas, como sempre, Jane Austen não nos decepciona, críticas sociais,  de como as pessoas da época julgavam pela condição financeira e social, julgando até mesmo o caráter baseado nesse fator; incrível é como é retratado com inteligência, muitas vezes cinismo e humor, ao estilo Jane Austen! A autora me encanta muito com essa abordagem pois é um livro de 1803 (ano em que foi escrito porém foi publicado posteriormente), e ainda assim traz muita coragem para uma mulher dessa época. 
   Considero esse livro um dos melhores, apesar de não ser um dos preferidos do público; apesar do final muito corrido - tudo se resolvendo em duas páginas, o que me incomodou um pouco, gostei muito! 
     Outro ponto legal é que a autora faz críticas à outros autores que desdenham os romances para parecerem mais cultos e intelectuais, nessa época esse tipo de obra não era bem vista e ela mostra sua revolta, mostrando como ela já revolucionava e continua revolucionando até hoje! Pude notar também um maior envolvimento da autora nessa obra, pois aqui  e ali ela se "intrometia" na história, o que deu uma sagacidade e presença de espirito maior á obra. 
"Isso mesmo, romances; pois não vou adotar esse mesquinho e grosseiro costume, tão comum entre romancistas, de degradar com sua censura desdenhosa os próprios trabalhos cujo número eles mesmos fazem crescer, unindo-se a seus piores inimigos em dar os mais agressivos epítetos a tais obras, nem sequer permitindo que sejam lidas por sua própria heroína, que, se por acidente lhe cair nas mãos um romance, decerto folheará suas insípidas páginas com repulsa."

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